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Literatura
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CRÍTICO PREVÊ A MORTE DO TEATRO
Janaína Cunha Melo - EM Cultura, quinta-feira, 2 de outubro de 2008
CRÍTICO PREVÊ A MORTE DO TEATRO
Sábato Magaldi lança em Belo Horizonte o livro Teatro em foco

Para Sábato Magaldi, se o teatro não for levado a sério pode se tornar passatempo de velhos.

Sábato Magaldi não tem dúvidas ao diagnosticar a crise do teatro brasileiro. Crítico e ensaísta com papel decisivo no desenvolvimento das artes cênicas no país, ele aponta a falta de apoio dos órgãos governamentais como o principal problema enfrentado hoje pelos artistas. Mesmo durante a ditadura, ele argumenta, havia o Serviço Nacional de Teatro e a Comissão Estadual de Teatro em São Paulo, cujos dirigentes se preocupavam com a qualidade do que era apresentado no palco. "Eles faziam de tudo para neutralizar a estupidez da censura", afirma o teórico, que oferece duras críticas aos neoliberalismo, "que só se interessa por enriquecer mais os milionários e liquidou o apoio estatal". Para Magaldi, a suposta democracia popular de hoje continua avessa à cultura.

Autor de obras como Panorama do teatro brasileiro (1962) e Teatro da ruptura: Oswald de Andrade e Teatro da obsessão: Nelson Rodrigues (2004), entre outros títulos, ele lança nacionalmente sua mais recente compilação de artigos. Quinta-feira (02/10), Magaldi traz a Belo Horizonte o livro Teatro em foco, que está sendo lançado pela Editora Perspectiva. Já no prefácio, o crítico dá a tônica de sua filosofia: "Se não houver mudança radical na postura de hoje, o teatro correrá o risco de ser lembrado como um estranho passatempo da nossa velhice. E adquirirá o sabor nostálgico de uma riqueza que se perdeu", sentencia. Magaldi avalia que a existência do teatro na atualidade pode ser encarada como "verdadeiro milagre" e defende que, não fosse pelo mercado oferecido pela televisão, a maioria dos artistas deixariam o ofício.

A consistência dos argumentos do intelectual mineiro se reflete também na saídas que ele aponta para a superação da crise. Graduado em direito, foi discípulo de Etiènne Souriau, professor da Universidade de Paris, atuou como redator e crítico na imprensa nacional, e foi o primeiro secretário municipal de Cultura de São Paulo, entre outras experiências importantes na sua trajetória. Para Sábato Magaldi, alternativas existem, e devem ser pensadas objetivamente. "A eleição de montagens culturais para serem subvencionadas pelos governos federal, estadual e municipal é um caminho. O apoio da iniciativa privada ficaria por conta dos órgãos públicos e não das companhias teatrais". Ele lembra que este é o modelo do teatro europeu, que funciona com excelência. No Brasil, o teórico destaca papel de instituições como Sesc, Sesi e Senai. "Não fosse por eles, não sei o que seria do nosso teatro", diz.

Leitor de romance e poesia desde a adolescência, ele lembra que gostava de ler teatro, imaginando como o ator conduziria o diálogo. Quando deixou Belo Horizonte rumo ao Rio de Janeiro para trabalhar como redator do Diário Carioca, foi referendado pelo então secretário de redação Pompeu de Souza para atuar também como crítico. "Ele não tinha tempo para acompanhar todas as estréias e me deu a oportunidade de criticar", conta. Esta experiência foi seguida pelos estudos de estética, em Paris. Na Sorbonne, conheceu Souriau, autor do livro As duzentas mil situações dramáticas, referência no gênero. Essas e outras vivências foram essenciais para Magaldi na sua formação. E, embora acredite que os bons críticos sempre conseguem munir as platéias de informação sobre grupos, espetáculos e circunstâncias do fazer teatral, Magaldi identifica como problema a ausência de mais espaço para aprofundar o raciocínio.

RECEITA INFALÍVEL

Para Sábato Magaldi, que atuou na imprensa em tempo de menor aparato tecnológico, o mais penoso era voltar correndo para a redação para comentar o espetáculo, ao fim da sessão. "Essa prática existe nos Estados Unidos, mas lá, na estréia, a cortina abre mais cedo, enquanto no Brasil a demora chega a incomodar", compara. Felizmente, ele diz, o problema estendido para o pessoal da oficina, que ficava esperando a crítica para rodar o jornal, foi logo superado.

A despeito de todas as dificuldades, ou por causa delas, há várias décadas o teatro brasileiro vem aprimorando suas produções, na avaliação do crítico. Ele chama a atenção para os musicais, que, nos últimos anos, não deixam nada a dever para os norte-americanos. Magaldi aponta, no entanto, que bom texto, com direção criativa e bom desempenho cênico dos artistas continua sendo a receita infalível para agradar. Ele não acredita que os espetáculos considerados comerciais recebem mais apoio da mídia e defende que veículos sérios continuam prestigiando textos de qualidade. Espectador "inveterado", como se descreve, ele não se importa sequer quando sai de casa e se vê diante de um mau espetáculo, desde que a cabeça funcione para descobrir como a peça poderia ser modificada.

CAPÍTULO À PARTE

O Teatro da Vertigem, grupo dirigido por Antônio Araújo, ganhou capítulo à parte no Teatro em foco. Magaldi destaca a companhia paulista. "Ninguém fica indiferente ao impacto provocado pelo Livro de Jó", ele diz em certo momento da crítica recuperada no livro e conclui que, com tantos valores, o espetáculo apresentado nas instalações de um hospital e que faz parte de triologia criada pelo grupo está situado "entre as encenações felizes do nosso teatro". A postura irrequieta do grupo o coloca numa posição real de descobertas em termo de linguagem, mas, para Magaldi, existem também outras vanguardas. Entre elas, a preocupação com a modernidade do texto, o estilo da montagem, a adequação dos cenários e a procura da beleza dos figurinos.

Organizado em 31 capítulos, Teatro em foco reúne artigos publicados em jornal, críticas a livros, texto para as Presses Universitaires de France, prefácios e principalmente a observação do artigo 180 da Constituição Federal, que determina que o amparo à cultura é dever do Estado. "Tenho muito mais material, que espero juntar em outro título", adianta o crítico.


TEATRO EM FOCO
Lançamento do livro de Sábato Magaldi no projeto Bate-papo com o autor. Quinta-feira (02/10), às 19h30, na Academia Mineira de Letras, Rua da Bahia, 1.466, Lourdes, (31) 3222-5764. Os primeiros 50 volumes serão vendidos a R$ 5.
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