A briga entre as redes Record e Globo pela audiência está entrando por um caminho perigoso. Se até então o embate entre as duas emissoras apontava para questões puramente comerciais e pelo maior índice no Ibope, agora a situação mudou. A Rede Record, de forma criminosa, está se esforçando ao máximo para transformar a disputa em uma guerra entre católicos e evangélicos. A questão é delicada, o tema é perigoso e poucos colocam o dedo na ferida. Mas, é preciso alertar tanto aos evangélicos quanto aos católicos, que a Rede Record vem conseguindo atingir seu objetivo, que é tão somente alimentar uma batalha que só interessa a ela.
A Globo, nos últimos anos, tem sido alvo de críticas pesadas por sua linha editorial. Vou fazer aqui o papel do advogado do diabo. Nesta questão, envolvendo as duas emissoras, o que gerou a última reação da TV do bispo Edir Macedo, foi uma reportagem dando conta de ação do MP contra membros da Igreja Universal do Reino de Deus. A matéria da Globo foi absolutamente normal, que mereceu, inclusive, destaques em portais, jornais e emissoras de rádio.
Ao se rebelar pela veiculação da matéria na Globo, a Record deu mais uma mostra de sua intolerância, exibindo um programa inteiro no último domingo para atacar a emissora dos Marinho, excluindo todos os demais veículos de comunicação que também divulgaram a mesma informação, distribuída, inclusive, pela Agência Brasil, órgão oficial do governo brasileiro. No ano passado a Record exibiu dezenas de reportagens sobre padres pedófilos, inclusive, em uma delas, julgando antecipadamente o Padre Júlio Lancellotti, que se tornou conhecido nacionalmente por seu trabalho na capital paulista em favor dos meninos de rua. Todas as reportagens sobre o tema exibidas pela Record fizeram pré-julgamento do Padre Júlio. Um achincalhe aos católicos. Não eram reportagens e sim ações terroristas. Foram dezenas de matérias revirando o tema, que só cessaram quando não havia mais nada a falar sobre o assunto. Ninguém nunca viu a Globo fazer campanha assim tão perversa contra nenhum evangélico. Nem mesmo contra Macedo. Porém, a emissora carioca nunca se furtou a noticiar envolvimentos semelhantes de pastores tarados, que abundam pelo país, notícias que a Record sempre escondeu dos seus “fiéis”. A Globo, também, nunca deixou de publicar envolvimentos criminosos de padres movidos por suas taras sexuais.
Não sou evangélico, nem católico praticante. Acredito em Deus. Não acredito nos falsos profetas. Padres e pastores, em sua grande maioria, são absolutamente iguais. Foi-se o tempo em que a palavra do Padre era lei. A capitalização desmedida da Igreja Católica e a falta de líderes espirituais confiáveis, fizeram proliferar as igrejas evangélicas, em sua grande maioria comandada por verdadeiros sacripantas (1).
A Bíblia, que anda debaixo do braço dos pastores, não pode ser levada ao pé da letra. Seu texto foi modificado ao longo dos tempos e, hoje, está semelhante aos Códigos Civil e Penal brasileiros, onde cada um faz a interpretação de sua conveniência. Porém, quando se trata da real Palavra de Deus, a Bíblia continua sendo nosso livro de cabeceira. Lá ainda está escrito que no fim dos tempos os falsos profetas se espalhariam pela Terra. Verdade incontestável.
As TVs caça-níqueis estão recheadas de programas evangélicos, nos quais pastores histéricos praticamente obrigam seus “fiéis” a doar parte do que ganham para as “obras”. Aleijado que anda, cego que enxerga, gay que vira homem, um monte de baboseira infiltrado na cabeça dos evangélicos de bom coração, que passam por verdadeira lavagem cerebral nos chamados “templos”, tonando-os massa de manobra em mãos criminosas.
Já a Igreja Católica, embora mais comedida, também age assim. Católicos são induzidos a doações, porém sem as mirabolantes promessas de um pedaço do céu. A comunicação eletrônica é realidade entre os católicos, mas com apelos que não chegam às raias do absurdo.
Entretanto, não se pode ser genérico. Há pastores, padres e igrejas reconhecidamente honestos, corretos e tementes a Deus. Infelizmente, são a minoria. Além do que, boa parte deles comete o pecado da omissão, entranhados no corporativismo que impede qualquer reação contra os maus.
Quanto à Rede Record, a irresponsabilidade de quem a comanda pode provocar reações violentas e preconceituosas. É preciso respeitar a crença de cada um. Evangélicos e católicos não podem ser colocados no meio desta guerra comercial, cujo objetivo final é apenas um: mais dinheiro no cofre. A Globo, como maior emissora do país, não pode aceitar essa provocação barata, cuja beneficiada é tão somente a Record. Já a emissora de Edir Macedo, precisa ter mais cuidado. Ao insuflar propositalmente evangélicos contra católicos, está abrindo um precedente perigoso, que pode, em futuro próximo, gerar consequências inimagináveis. Rogo a Deus, o Verdadeiro, que eu esteja completamente errado. Que esta guerra alimentada pela Record não se transforme em uma inquisição dos tempos modernos.
A TV do senhor Edir Macedo já deu mostras do ódio que tem pelos católicos. Em 12 de outubro de 1995, no programa 25ª Hora, exibido nas madrugadas da Rede Record, o bispo (?) Sérgio Von Helde chutou a imagem de Nossa Senhora Aparecida, a padroeira do Brasil na concepção dos católicos. O ato de intolerância, nunca visto no país, gerou uma grave crise religiosa, que só não atingiu proporções mais graves porque, felizmente, a maioria dos católicos crê sem fanatismo. A Rede Record precisa repensar suas atitudes. Seu histórico não a recomenda para ser uma emissora líder no Ibope e, muto menos, o histórico de seus líderes, não indica que sejam eles os mais santos entre os santos.
“Não usai seu Santo Nome em vão”.
(1) Velhaco, patife, capaz de todas as violências e indignidades; pessoa desprezível.
